LUÍS ANTÔNIO FERREIRA SOUTO

 

LUÍS ANTÔNIO FERREIRA SOUTO, SETE VEZES DEPUTADO ESTADUAL NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Luís Antônio, natural de Assú, Estado do Rio Grande do Norte, nascido no dia  18 de março de 1842, Bacharel em Direito, sete vezes deputado Provincial,  POLÍTICO DO Partido Conservador, advogado, Procurador da Tesouraria, Promotor Público em Natal, quando da proclamação da República, Juiz de Direito de Nova Cruz. Desembargador no efêmero Tribunal Superior da Relação do Rio Grande do Norte, em 1892, membro do segundo Congresso Constituinte nesse ano.

Foi o melhor repentista da Cidade de Natal. Ninguém respondia ou atacava com a graça feiticeira, o chiste irresistível do doutor Souto. Mui digno Juiz de Direito da Comarca de Natal.

Sendo Juiz Municipal em São José de Mipibu, num requerimento do Dr. MANUEL JANUÁRIO BEZERRA MONTENEGRO, que governaria a Província como vice-presidente, deu um despacho de tal forma e jeito que o peticionário, reunindo papéis e letras, imprimiu o episódio num folheto e o fez distribuir pelas Comarcas do Império. O Imperador D. Pedro II mudava de conversa quando aparecia o nome do Dr. Luís Antônio para nomeação de Juiz de Direito. E o doutor Souto foi Juiz, muito merecidamente, no regime republicano.

Como político era meio insubmisso mas elemento poderoso pelo conhecimento jurídico e fertilidade de recursos de oratória e habilidade partidária. Era muito inquieto, discutidor, atrapalhando a marcha dos adversários quando em maioria e quase os anulando quando em minoria.

Desabusado, conservador original, deixou anedotas saborosas de ineditismo, algumas indivulgáveis mas transmitidas na literatura oral da cidade. Morava na Rua da Conceição, no sobrado, hoje, número 573, onde faleceu. Aí recebia os amigos e contava coisas engraçadas, repetidas indefinidamente pelos admiradores. Misturava várias bebidas numa grande poncheira, remexendo-as com uma imensa colher que ele denominava pau de mexer bestas. Quando um pobre lhe batia à porta lamuriando, o doutor Souto informava: - Dinheiro não tenho. Tenho aqui uma bebidinha. Você quer?.

Daí a minutos o pedinte saia lambendo os beiços e estalando a língua. Em São José de Mipibu, numa formação de culpa, ouvia a velha Alexandrina Canela, testemunha presencial de um juízo de animais, loquaz e detalhista. Lá para as tantas, o Dr. Souto abriu uma Bíblia em cima da mesa, dizendo: -

“Esta tudo muito  bem mas a senhora deve jurar aqui em cima dos Evangelhos como está dizendo unicamente a verdade, pela salvação de sua alma, só a verdade e apenas a verdade!

A velha, recuando a mão que se entendia maquinalmente: - “Deus me livre, seu Doutor! Jurando, a história é estará... E contou diversamente

Luís Antônio Faleceu  em Natal-RN, no dia  27 de agosto de 1895

FONTE – LIVRO UMA HISTÓRIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO NORTE, DE LUÍS DA CÂMARA CASCUDO